quarta-feira, 30 de julho de 2008

O direito do atual Israel à terra de Israel

Por Thomas Ice

“Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, teus irmãos, os teus próprios irmãos, os homens do teu parentesco e toda a casa de Israel, todos eles são aqueles a quem os habitantes de Jerusalém disseram: Apartai-vos para longe do Senhor; esta terra se nos deu em possessão. Portanto, dize: Assim diz o Senhor Deus: Ainda que os lancei para longe entre as nações e ainda que os espalhei pelas terras, todavia, lhes servirei de santuário, por um pouco de tempo, nas terras para onde foram. Dize ainda: Assim diz o Senhor Deus: Hei de ajuntá-los do meio dos povos, e os recolherei das terras para onde foram lançados, e lhes darei a terra de Israel . Voltarão para ali e tirarão dela todos os seus ídolos detestáveis e todas as suas abominações” (Ezequiel 11.14-18).

Como nunca, desde sua fundação em 1948, o atual Estado de Israel enfrenta ataques de todos os lados no mundo inteiro. Há algum tempo, após a guerra contra o Hezb’allah (Partido de Alá) em 2006, um israelense, não-praticante do judaísmo, disse em poucas palavras: “A cada ano que passa, eles nos odeiam mais”. A despeito do que Israel faça, seja bom ou mau, a maioria da opinião pública mundial o entende como uma provocação que justifica o ódio do mundo inteiro contra o povo da aliança divina.

Como se isso já não fosse suficientemente ruim, era de se esperar que o povo do Livro (i.e., os crentes em Cristo) apoiasse unanimemente a existência do atual Estado de Israel, já que Deus tem trazido Seu povo de volta à terra que lhe pertence. Contudo, a cada dia que passa, mais pessoas de dentro da cristandade se manifestam contra Israel e, à semelhança do mundo descrente, também acusam a nação de Israel de ser a causadora dos problemas no Oriente Médio.

Terra versus Jesus?

Um exemplo típico das pessoas no âmbito evangélico que negam o evidente futuro profético de Israel como consta na Bíblia, é Gary DeMar, um teólogo que defende a Teologia da Substituição. Ao comentar sobre o esforço conjunto pró-Israel da parte de cristãos e judeus, DeMar declarou: “Os envolvidos nisso estão mais preocupados com a terra de Israel do que com o Evangelho de Jesus Cristo que transforma vidas”. Então DeMar é capaz de “discernir os pensamentos e propósitos do coração”? Ele prossegue sua declaração, ao afirmar que “a única preocupação desses que advogam o fim dos tempos é Israel e sua terra”.[1]

Deus tem trazido Seu povo de volta à terra que lhe pertence. Na foto: marcha em Jerusalém.

Em vez de tentarmos adivinhar os motivos de uma pessoa, como faz DeMar, é melhor analisarmos a prática dessa pessoa no assunto em questão. Está mais do que evidente que preteristas, como de DeMar, raramente são conhecidos por seus esforços de evangelismo, menos ainda pela evangelização dos judeus. Porém, o historiador Timothy Weber, ao relatar o surgimento da posição dispensacionalista, registra o seguinte: “Os pré-milenistas foram capazes de dar importância à evangelização dos judeus, ao mesmo tempo que apoiavam as aspirações nacionalistas judaicas”.[2] Na verdade, o alto interesse na evangelização dispensacionalista dos judeus foi documentado numa pesquisa sobre a história da evangelização de judeus. Yaakov Ariel afirma o seguinte:

O surgimento do movimento em prol da evangelização dos judeus nos Estados Unidos também coincide com o surgimento do Sionismo, o movimento nacionalista judaico que almeja a reconstrução da Palestina como um centro judaico. A comunidade missionária, à semelhança dos dispensacionalistas americanos em geral, tem profundo interesse nos acontecimentos entre o povo judeu [...] talvez não seja surpresa o fato de que os missionários enviados aos judeus estejam entre os principais divulgadores do ponto de vista dispensacional pré-milenista [...] Eles condenam o anti-semitismo e a discriminação verificada no mundo inteiro contra os judeus.[3]

A Bíblia e a terra

Ao longo de todo o Antigo Testamento, Deus afirma que a terra de Israel foi dada por herança aos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó – os judeus. Com exceção de Jonas, todos os profetas do Antigo Testamento fazem menção a um retorno definitivo dos judeus à Terra de Israel.[4] Essas promessas do Antigo Testamento nunca foram alteradas ou anuladas em nenhum texto do Novo Testamento. Na realidade, tais promessas foram ratificadas por algumas passagens do Novo Testamento.[5] Walter Kaiser assinala que “o autor da carta aos Hebreus (Hb 6.13,17-18) afirma que Deus [...] jurou por si mesmo quando fez a promessa para mostrar quão imutável era o Seu propósito”.[6] Ao se referir às promessas feitas a Israel, Paulo afirma: “Porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11.29).

A única base legítima que os judeus possuem para reivindicar seu direito à terra de Israel provém da Bíblia. De fato, se não fosse pela história de Israel registrada na Bíblia, nem sequer se conheceria a relação do povo judeu com a terra de Israel . É justamente pelo fato de que Deus associa o povo judeu com a terra que Ele lhe deu – situada no atual Oriente Médio – que, até mesmo, podemos constatar a realidade de um movimento conhecido, hoje em dia, como sionismo (sionismo é o termo usado com mais freqüência para descrever a aspiração de qualquer pessoa, seja judeu ou gentio, que deseja que os judeus possuam a terra de Israel). Os difamadores do sionismo se vêem obrigados a dizer que a promessa, feita por Deus, de dar a terra de Israel aos judeus, foi invalidada de alguma maneira. Ao longo dos anos, quantas pessoas tentaram provar exatamente isso! Todavia, a Palavra de Deus fala mais alto do que a voz estridente deles em coro. O argumento sionista prevalece ou desaparece diante do que a Bíblia ensina acerca de Israel – o povo e a terra. É bem verdade que um legítimo argumento em defesa de Israel pode ser apresentado com base em muitos fundamentos, mas, no fim das contas, a questão se resume ao que Deus pensa sobre esse assunto, segundo Ele comunicou através de Sua Palavra inerrante e autorizada – a Bíblia

A promessa divina referente à terra

O Senhor chamou Abrão para que saísse de Ur dos Caldeus e fez com ele uma aliança, ou pacto, incondicional. Esse pacto, conhecido como aliança abraâmica, continha três cláusulas principais: (1) uma terra para Abrão e seus descendentes, o povo de Israel; (2) uma semente ou descendência física de Abrão; e (3) uma benção de amplitude mundial (Gn 12.1-3).

Para que não houvesse dúvida a respeito do que Ele estabelecera, o Senhor fez com que Abrão dormisse em sono profundo, para que o próprio Deus se tornasse o único signatário daquele pacto (Gn 15.1-21). Deus disse a Abrão: “À tua descendência dei esta terra” (v. 18). Ainda que o Senhor tenha sido o único signatário ativo a passar por entre as metades dos animais cortados [N. do T., o que em hebraico significava “cortar” ou “firmar” uma aliança], conforme é descrito em Gênesis 15, fica evidente, todavia, que Abraão obedeceu ao Senhor durante a sua vida: “porque Abraão obedeceu à minha palavra e guardou os meus mandados, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis” (Gn 26.5). John Walvoord faz a seguinte observação: “É relevante o fato de que a promessa estava relacionada com a obediência de Abraão, não a obediência de Isaque, a partir do que a promessa se torna imutável e seu cumprimento infalível”.[7] Essa aliança é, repetidamente, confirmada a Abraão, Isaque, Jacó e seus descendentes; cerca de vinte vezes ou pouco mais no livro de Gênesis.[8] Como foi dito nas Escrituras, a promessa de Deus aos patriarcas é uma aliança eterna (Gn 17.7,13,19).

A promessa da terra, contida na aliança, passou de Abraão para Isaque, não para Ismael. O Senhor deu a seguinte ordem a Isaque: “Habita nela [i.e., na terra], e serei contigo e te abençoarei; porque a ti e a tua descendência darei todas estas terras e confirmarei o juramento que fiz a Abraão, teu pai. Multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e lhe darei todas estas terras. Na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra” (Gn 26.3-4). Aqui podemos perceber uma reprodução duplicada da promessa feita por Deus ao pai de Isaque (cf. Gn 12.3; 15.18).

Jacó é o terceiro na descendência patriarcal, em lugar de Esaú. Posteriormente, o nome de Jacó foi mudado para Israel, que se tornou o nome original da nova nação constituída. No famoso sonho de Jacó em que este viu uma escada que ia da terra ao céu, o Senhor lhe declarou: “Eu sou o SENHOR, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque. A terra em que agora estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência. A tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para o Norte e para o Sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra” (Gn 28.13-14). Tal declaração também contém uma repetição daquela promessa referente à terra, feita por Deus a Abraão e Isaque, a qual passaria adiante para a posteridade de Jacó e se cumpriria na descendência de seus doze filhos, as doze tribos de Israel e seus descendentes. Walvoord comenta o seguinte:

Uma análise detalhada dessas passagens deixa claro que a promessa referente à terra era inerente à totalidade da aliança feita com Abraão. Em virtude do fato de que Abraão se tornou um grande homem, teve uma numerosa posteridade e trouxe benção para o mundo inteiro por meio de Cristo, é coerente a suposição de que o restante da aliança abraâmica também se cumprirá em termos tão literais e exatos quanto essas cláusulas que já se cumpriram. A interpretação não-literal ou condicional dessas promessas não encontra respaldo nas Escrituras.[9]

O livro de Gênesis se encerra com o registro da permanência temporária de Jacó, seus doze filhos e os descendentes deles na terra do Egito. O livro de Êxodo relata a história da libertação desse povo daquela escravidão no Egito e de sua preparação para a entrada na terra de Canaã. Apesar de Israel ter vagueado durante quarenta anos no deserto, por causa de sua incredulidade, foi lá no deserto que Moisés recebeu a Lei, a qual se tornaria a constituição da nova nação e por cujos preceitos Israel seria governado na terra.

No livro de Deuteronômio encontram-se no mínimo vinte e cinco alegações de que a terra é um presente do Senhor para o povo de Israel (Dt 1.20,25; 2.29; 3.20; 4.40; 5.16, etc.). Walter Kaiser, um erudito especializado no Antigo Testamento, assinala que “o escritor de Deuteronômio repetiu, por sessenta e nove vezes, o compromisso de que um dia Israel ‘possuirá’ e ‘herdará’ a terra que Deus lhe prometeu”.[10]

Os capítulos 28-30 de Deuteronômio apresentam as condições para que Israel desfrutasse as bênçãos ao entrar na terra. Devemos lembrar que, embora a terra tenha sido dada incondicionalmente ao povo de Israel, a Lei Mosaica estipulou condições para que a nação fruísse das bênçãos de Deus na terra. O período da Tribulação será um tempo de disciplina divina sobre a nação, disciplina essa que levará Israel à obediência em arrependimento. Depois da Grande Tribulação, durante aqueles dias magníficos e gloriosos do reino milenar, Israel vai ter a experiência de ocupar plenamente toda a extensão de sua terra, usufruindo as muitas bênçãos prometidas no Antigo Testamento.

No livro de Salmos, o hinário de Israel para cantar louvores ao Senhor, o adorador é levado muitas vezes a dar graças ao Senhor pelas promessas e pela fidelidade da Sua aliança. O Salmo 105, por exemplo, declara: “Lembra-se perpetuamente da sua aliança, da palavra que empenhou para mil gerações; da aliança que fez com Abraão e do juramento que fez a Isaque; o qual confirmou a Jacó por decreto e a Israel por aliança perpétua, dizendo: Dar-te-ei a terra de Canaã como quinhão da vossa herança” (Sl 105.8-11). Em outro lugar do livro de Salmos, o Senhor assegura: “Pois o SENHOR escolheu a Sião, preferiu-a por sua morada: Este é para sempre o lugar do meu repouso; aqui habitarei, pois o preferi” (Sl 132.13-14). A decisão divina de proporcionar uma terra para o povo judeu tem se mantido firme ao longo de toda a história.

Por todo o Antigo Testamento os profetas acusaram Israel por sua desobediência, contudo, sempre apresentavam a perspectiva de uma restauração futura, quando finalmente Israel habitará em paz e prosperidade. Do começo ao fim do Antigo Testamento, os profetas mencionaram promessas e mais promessas desse momento futuro do restabelecimento de Israel na sua terra (Is 11.1-9; 12.1-3; 27.12-13; 35.1-10; 43.1-8; 60.18-21; 66.20-22; Jr 16.14-16; 30.10-18; 31.31-37; 32.37-40; Ez 11.17-21; 28.25-26; 34.11-16; 37.21-25; 39.25-29; Os 1.10-11; 3.4-5; Jl 3.17-21; Am 9.11-15; Mq 4.4-7; Sf 3.14-20; Zc 8.4-8; 10.11-15). Um exemplo específico de texto bíblico referente à restauração pode ser encontrado no fim do livro de Amós: “Mudarei a sorte do meu povo de Israel; reedificarão as cidades assoladas e nelas habitarão, plantarão vinhas e beberão o seu vinho, farão pomares e lhes comerão o fruto. Plantá-los-ei na sua terra, e, dessa terra que lhes dei, já não serão arrancados, diz o SENHOR, teu Deus” (Am 9.14-15).

É importante assinalar que Zacarias, após o retorno do exílio na Babilônia, menciona um futuro regresso à terra, numa indicação conclusiva de que as restaurações de Israel à sua terra, em ocasiões passadas, não foram o cumprimento pleno e definitivo daquela promessa de concessão da terra feita a Abraão, Isaque e Jacó. Os capítulos 9-14 do livro de Zacarias apresentam um plano de regresso do povo judeu a Jerusalém e à terra de Israel no fim dos tempos. Kaiser faz a seguinte observação:

Os profetas do Antigo Testamento descreveram, por repetidas vezes, a realidade de um remanescente israelita que retornava à terra (p.ex., Is 10.20-30) e, nos últimos dias, se tornava proeminente entre as nações (Mq 4.1). Para dizer a verdade, o texto de Zacarias 10.8-12 ainda repete essa mesma promessa no ano 518 a.C., momentos depois que muitos de Israel tinham retornado de seu último e derradeiro exílio, o Exílio Babilônico.[11]

Além do mais, Israel tem a garantia de um futuro na sua terra, pois o Senhor não revogou nenhuma das promessas que fez a Seu povo, a nação de Israel, em toda a Bíblia: “porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11.29).

Diversos reagrupamentos no fim dos tempos

Para que se possa entender corretamente essa “volta ao lar” ou reagrupamento dos judeus na sua terra por ocasião do fim dos tempos, é preciso ter em mente que a Bíblia prediz o fato de que Israel teria a experiência de passar por dois reagrupamentos de amplitude mundial no regresso à Terra Prometida. O primeiro reagrupamento seria parcial, gradativo e numa condição de incredulidade, enquanto o segundo seria completo, instantâneo e marcado pela fé em Jesus, como seu Messias pessoal e nacional.

Dezenas de passagens bíblicas predizem esse acontecimento de caráter mundial. Entretanto, verifica-se um erro muito comum de tratar todas essas passagens como referências de um mesmo acontecimento cumprido no calendário profético, especialmente no que diz respeito ao Estado de Israel contemporâneo. A nação de Israel dos dias atuais é profeticamente relevante e constitui-se num cumprimento da profecia bíblica. Porém, ao estudarmos a Palavra de Deus, temos que ter o cuidado de distinguir os versículos que encontram seu cumprimento profético em nossos dias, daqueles versículos cujo cumprimento ocorrerá em ocasião futura.

Em suma, haverá dois reagrupamentos de Israel no fim dos tempos: um antes da Tribulação e outro depois da Tribulação. O primeiro reagrupamento mundial será caracterizado por uma atitude de incredulidade, como uma preparação para o juízo da Tribulação. O segundo reagrupamento mundial será um retorno no fim da Tribulação, caracterizado por uma atitude de fé, como preparação para a benção do Milênio, ou seja, o reinado de Cristo por mil anos sobre a terra.[12]

Um importante texto bíblico que trata dos dois reagrupamentos de Israel encontra-se em Isaías 11.11-12:

“Naquele dia, o Senhor tornará a estender a mão para resgatar [“adquirir outra vez”, na edição Revista e Corrigida] o restante do seu povo, que for deixado, da Assíria, do Egito, de Patros, da Etiópia, de Elão, de Sinar, de Hamate e das terras do mar. Levantará um estandarte para as nações, ajuntará os desterrados de Israel e os dispersos de Judá recolherá desde os quatro confins da terra” (Is 11.11-12; grifo do autor).

Esse retorno descrito em Isaías 11 refere-se, nitidamente, ao último reagrupamento mundial de Israel caracterizado pela fé, no clímax do período da Tribulação, como preparo para o reino milenar.

O profeta Isaías não deixa dúvidas de que esse reagrupamento final é aquele que ocorrerá pela segunda vez, ou seja, o segundo reagrupamento.

Isso, naturalmente, levanta uma pergunta óbvia: quando, então, aconteceu o primeiro reagrupamento?

Alguns afirmam que o primeiro reagrupamento foi o retorno do exílio babilônico, o qual começou por volta de 536 a.C. Contudo, de que forma tal retorno pode ser descrito como um reagrupamento mundial, segundo comprova o texto de Isaías 11?[13]
Arnold Fruchtenbaum escreve:

O contexto completo desse texto localiza-se em Isaías 11.11-12.6. Nesse contexto o profeta menciona o último reagrupamento mundial marcado pela fé, como condição preparatória para a bênção. Isaías classifica esse reagrupamento de amplitude mundial caracterizado por fé em preparo para o Reino Messiânico como o segundo [N. do T., por causa das expressões “tornará” e “outra vez”]. Em outras palavras, o último reagrupamento nada mais é do que o segundo. Mas se o último é o segundo, quantos podem existir antes dele? Apenas um. O primeiro reagrupamento não poderia ser o retorno do exílio babilônico, porque não foi um re-ajuntamento de âmbito mundial, “desde os quatro confins da terra”, mas simplesmente uma migração de um país (Babilônia) para outro (Judéia). A Bíblia não admite a idéia de vários reagrupamentos de Israel em condição de incredulidade; consente apenas com a idéia de um reagrupamento mundial do Israel descrente, seguido do último reagrupamento, aquele que se caracteriza pela fé, a saber, o segundo. Esse texto só admite a concepção de dois reagrupamentos de âmbito mundial desde os quatro confins da terra. Portanto, o Estado Judeu que existe no presente momento é de grande relevância para a profecia bíblica.[14]

O quadro abaixo oferece uma breve visão comparativa entre os dois grandes reagrupamentos de Israel.[15]

O Reagrupamento Atual (Primeiro)

• Âmbito mundial
• Retorno a uma parte da
Terra Prometida
• Retorno em incredulidade
• Regresso somente à terra
• Uma obra humana (secular)
• Faz parte da montagem do palco para a Tribulação (disciplina)

O Reagrupamento Final (Segundo)

• Âmbito mundial
• Retorno a toda a extensão da
Terra Prometida
• Retorno em fé
• Regresso à terra e ao Senhor
• Uma obra divina (espiritual)
• Faz parte da montagem do palco para o Milênio (bênção)

A atual nação de Israel é um cumprimento profético

Quando o Estado de Israel contemporâneo foi fundado em 1948, ele não apenas se tornou um importante marco na montagem do palco para acontecimentos futuros, mas também se constituiu num legítimo cumprimento das profecias bíblicas que se referiam especificamente a um reagrupamento mundial dos judeus descrentes, antes do juízo da Tribulação. Estas passagens do Antigo Testamento prediziam tal acontecimento: Ezequiel 20.33-38; 22.17-22; 36.22-24; 37.1-14; Isaías 11.11-12; Sofonias 2.1-2. Os capítulos 38 e 39 de Ezequiel implicam tal cenário.

Antes que essas coisas aconteçam, é necessário que judeus provenientes de todas as partes do mundo retornem à sua terra, exatamente como temos visto acontecer, hoje em dia, no Estado de Israel. Isso, naturalmente, não quer dizer que todo judeu deste mundo tenha que regressar à sua terra. Mas, de fato, significa que muitos do povo judeu deverão ter retornado à sua antiga terra natal. Nas Escrituras, a profecia referente ao fim dos tempos trata como certo o fato de que Israel não somente estará reagrupado em sua terra, como também estará em pleno funcionamento como nação.

As implicações de Daniel 9.24-27 não deixam sombra de dúvida: “Ele [o Anticristo] fará firme aliança com muitos, por uma semana [i.e., um conjunto ou semana de sete anos]” (v. 27). Em outras palavras, o período de sete anos da Tribulação começará com a assinatura de uma aliança entre o Anticristo e os líderes de Israel. A assinatura desse tratado pressupõe, obviamente, a existência de uma liderança judaica no governo de uma nação israelense. Para que esse tratado seja assinado, é indispensável a existência de um Estado Judeu.[16]

Então, para resumir, a lógica é a seguinte: a Tribulação não pode começar antes que a aliança de sete anos seja firmada. Tal aliança não pode acontecer sem a existência de um Estado Judeu. Logo, é obrigatória a existência de um Estado Judeu antes da Tribulação.

Conclusão


À luz disso tudo, creio que o principal propósito do reagrupamento de Israel tem direta relação com o acordo de paz que será feito pelo Anticristo, conforme é descrito em Daniel 9.24-27. Para que tal aliança se viabilize, é necessário que os judeus estejam presentes em sua terra e organizados politicamente como um Estado Nacional. Desde 1948 é exatamente isso que se constata no caso dos judeus. É o desabrochar desse milagre atual – algo de que nunca se ouvira falar na história – que nós, nossos pais e avós temos testemunhado com nossos próprios olhos. Depois de quase dois milênios, um povo antigo e disperso regressou à terra natal de seus antepassados, para tornar possível, pela primeira vez desde o ano 70 d.C., o cumprimento da profecia de Daniel 9.24-27 referente ao acordo de paz.[17]

Conseqüentemente, o palco está montado para aquele acontecimento real que se constituirá no estopim da Tribulação, bem como, pelo que se sabe, será o prenúncio dos últimos dias deste mundo. Para frustração geral daqueles que se opõem à teologia sionista, devo dizer que o atual Estado de Israel se encontra exatamente nessa posição profeticamente requerida. Tal fato realmente indica que estamos muito próximos dos dias finais. Maranata! (Thomas Ice - Pre-Trib Perspectives - http://www.beth-shalom.com.br)

Thomas Ice é diretor-executivo do Pre-Trib Research Center em Lynchburg, VA (EUA). Ele é autor de muitos livros e um dos editores da Bíblia de Estudo Profética.

Notas:
1. Gary DeMar, “Land Over Jesus and The Gospel”, artigo publicado em 25 de julho de 2006 no site www.americanvision.org/articlearchive/07-25-06.asp
2. Timothy Weber, Living In The Shadow Of The Second Coming, Grand Rapids: Zondervan, 1983, p. 141.
3. Yaakov Ariel, Evangelizing the Chosen People: Missions to the Jews in America, 1880-2000, Chapel Hill, NC: The University of North Carolina Press, 2000, pp. 12, 13, 14.
4. Entre os textos bíblicos incluem-se: Gn 12.7; 13.14-15; 15.18; 17.8; Lv 26.33,43; Dt 26.9; 30.1-11; Js 24.20-28; 2Sm 7.11-16; Ed 4.1-3; Sl 102.13-20; Is 11.11-12; 18.7; 27.12-13; 29.1,8,44; 60.8-21; 66.18-22; Jr 3.17-18; 7.7; 11.10-11; 23.3-6; 25.5; 29.14; 30.7,10; 31.2,10,23,31-34; 33.4-16; 50.19; Ez 11.17; 20.33-37; 22.19-22; 28.25; 36.23-24,38; 37.21-22; 39.28; Dn 12.1; Os 3.4-5; Jl 3.20-21; Am 9.9,14-15; Mq 2.12; 3.9-10; 4.7,11-12; Sf 2.1-3; Zc 7.7-8; 8.1-8; 10.6-12; 12.2-10; 13.8-9; 14.1,5,9; Ml 3.6.
5. Entre os textos bíblicos incluem-se: Mt 19.28; 23.37; Lc 21.24,29-33; At 15.14-17; Rm 11; Ap 11.1-2; 12.
6. Walter C. Kaiser, Jr., “The Land of Israel and The Future Return (Zechariah 10:6-12)”, publicado no livro Israel: The Land and the People: An Evangelical Affirmation of God’s Promises, Wayne House, org., Grand Rapids: Kregel, 1998, p. 211.
7. John F. Walvoord, Major Bible Prophecies: 37 Crucial Prophecies That Affect You Today, Grand Rapids: Zondervan, 1991, p. 77.
8. Observe as seguintes referências no livro de Gênesis: 12.1-3,7-9; 13.14-18; 15.1-18; 17.1-27; 22.15-19; 26.2-6,24-25; 27.28-29,38-40; 28.1-4,10-22; 31.3,11-13; 32.22-32; 35.9-15; 48.3-4,10-20; 49.1-28; 50.23-25.
9. Walvoord, Major Bible Prophecies, p. 77-8.
10. Walter C. Kaiser Jr., Toward an Old Testament Theology, Grand Rapids: Zondervan, 1978, pp. 124-5.
11. Walter C. Kaiser Jr., “An Assessment of ‘Replacement Theology”’, publicado na edição nº 21 do periódico Mishikan, 1994, p. 17.
12. Arnold Fruchtenbaum, Footsteps of the Messiah: A Study of the Sequence of Prophetic Events, Tustin, CA: Ariel Press, (1982), 2003, p. 99.
13. Arnold Fruchtenbaum, Footsteps of the Messiah, pp. 102-03.
14. Arnold Fruchtenbaum, Footsteps of the Messiah, pp. 102-03.
15. Randall Price, Jerusalem in Prophecy: God’s Final Stage for the Final Drama, Eugene, OR: Harvest House, 1998, p. 219.
16. Arnold Fruchtenbaum, Footsteps of the Messiah, p. 105.
17. John F. Walvoord, Prophecy in the New Millennium: A Fresh Look at Future Events, Grand Rapids, MI: Kregel, 2001, pp. 61-2.

fonte: Beth Shalon

Nenhum comentário: