terça-feira, 30 de setembro de 2008

Polêmica: Igreja Católica é afrontada em data religiosa pela Parada Gay no RJ

Moradores de Copacabana temem caos porque evento será no dia de procissão e maratona

Fonte: Port Arthur Rosa - O Dia On line

Rio - O que pode acontecer quando, no mesmo dia e lugar, ocorrem uma maratona, uma procissão católica e uma parada gay? No mínimo, muita polêmica. Os três eventos estão marcados para dia 12, na Avenida Atlântica, em Copacabana, dia de Nossa Senhora Aparecida, e moradores do bairro reclamam, solicitando o adiamento da Parada do Orgulho GLBT-Rio. O assunto já parou na mesa do prefeito Cesar Maia.

De acordo com o presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães, moradores pediram a mudança. “Esta data é sagrada para os católicos e é comum a procissão na orla com a imagem de Nossa Senhora. Como é domingo e Dia das Crianças, as pistas da Avenida Atlântica viram área de lazer. A realização da Parada Gay neste dia é inadequado e equivocado”, diz Horácio.

Segundo ele, a questão não é discriminatória, mas estrutural. “Não temos nada contra o evento, mas o bairro precisa existir. O público que freqüenta a Parada é imenso. Ano passado, o barulho era tanto, que os alarmes dos carros estacionados disparavam em série. Fora os congestionamentos. Precisamos pensar no bem-estar dos moradores”, afirmou.

Por e-mail, o prefeito Cesar Maia disse que recebeu dos órgãos estaduais documentos aprovando a realização da Parada e que chegou a propor aos coordenadores a transferência para dia 19. “A sugestão não foi aceita pelos organizadores. Seria melhor para todos”, lamentou. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, os órgãos de segurança fazem planejamento para eventos, mas a Prefeitura dá a palavra final sobre sua realização.

O presidente do Grupo Arco-Íris e coordenador geral da Parada do Orgulho GLBT-Rio, que está em sua 13ª edição, Cláudio Nascimento, confirma a sugestão da Subprefeitura da Zona Sul. “Foi proposto o adiamento, mas não haveria tempo hábil para as mudanças.

Fizemos acordo para começar a Parada mais tarde, já que os outros eventos são pela manhã”, diz Cláudio. A edição do ano passado reuniu mais de um milhão de pessoas. “Melhoramos a organização pensando em todos. Os trios elétricos só chegarão para o início, às 13h”, diz. Para ele, a questão é discriminatória. “Por que só nós precisamos mudar a data? Fomos os primeiros a nos comunicar com as autoridades”, argumenta.

Para a Arquidiocese do Rio, é possível conciliar. “A procissão ocorrerá pela manhã. Há espaço para todos”, disse o assessor da Cúria, padre Leandro Curi. A XII Meia Maratona Internacional terá a última largada às 9h15, em São Conrado, e o percurso inclui a Avenida Atlântica.

FESTAS NA CHUVA EM MADUREIRA E NOVA IGUAÇU

Enquanto a polêmica envolve o evento em Copacabana, a Parada do Orgulho Gay de Madureira ocupou ontem as ruas do bairro, mesmo sob chuva. Com muita animação, militantes, simpatizantes e curiosos dançaram ao som de trio elétrico. Por causa da chuva, a passeata ficou concentrada no Viaduto de Madureira e na Rua Carvalho de Souza e só saiu à noite. Organizadores chegaram a calcular em 1,5 milhão de participantes.

Nova Iguaçu também realizou sua 5ª Parada Gay, ontem à tarde. Com o tema ‘LGBT vota, paga imposto e exige respeito’, o evento foi organizado por grupos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) do município e reuniu cerca de 120 mil pessoas, segundo a organização. Foram listados 32 direitos que, segundo os grupos, são negados aos gays no Brasil. Eles citaram levantamento do Grupo Gay da Bahia segundo o qual uma pessoa morre, a cada dois dias por causa de sua orientação sexual.

Na abertura, a transformista Jane Di Castro cantou o Hino Nacional. O evento contou com shows de covers de artistas como Ana Carolina (Suellen Pinheiro) Gal Costa (Andréa Gasparelly), Alcione (Kayka Sabatella) e Ivete Sangalo (Samara Rios).

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